A sexta maior cidade localizada na União Europeia é Budapeste, considerada uma das cidades mais belas do continente. Situada no leste da Europa, ficando conhecida por seu processo histórico, que perpassou por diversos regimes autoritários e totalitários, como o nazismo e o poder soviético. A cidade que por muitos anos esteve unida com a Áustria, chegou a ser a segunda capital de maior importância do Império Austro-húngaro. Sendo que, após a Primeira Guerra Mundial, a Hungria se tornou um estado independente.
Geograficamente, a exuberância da capital da Hungria advém das inúmeras pontes que atravessam o rio Danúbio, o segundo maior rio da Europa. Antes de 1873, a cidade era dividida em duas, à margem direita ficava as cidades de Buda e Obuda, e à esquerda ficava Peste. Ainda hoje, é possível ver as diferenças dessas duas antigas cidades, pois apesar da unificação, Buda possui um interessante estilo bucólico, ao contrário de Peste, que além das construções clássicas, possui também muitos prédios modernos.
Percorrer pela história e pelas ruas da capital da Hungria, é percorrer também pela arqueologia da psicanálise, onde ela se instala na Hungria por meio dos movimentos revolucionários e anti-imperialistas, na tentativa de reunificar novamente a nacionalidade húngara que estava enfraquecida por conta dos regimes autoritários que perpassaram o território. Sándor Férenczi é o principal interlocutor da psicanálise no país e lutou pela autonomia e liberdade de sua profissão, indo na contramão de um movimento fascista que pretendia ignorar ou eliminar os psicanalistas vigentes da época.
Segundo a psicanalista húngara Anna Mautner, muitos psicanalistas foram exilados e a psicanálise na Hungria considerada clandestina. Férenczi, diferentemente de Freud, foi um psicanalista menos formal, se envolvia mais com a cultura local e com os movimentos sociais. Fez com que a psicanálise se instalasse ali não apenas como prática e teoria, mas se instalasse inteiramente na cultura.
Percorrer pela cidade de Budapeste é atravessar um pluralismo cultural, seja na área da psicanálise, da arquitetura, da filosofia ou da arte. É adentrar um universo que nos incendeia. É abrir os olhos e deixar-se encantar por onde as luzes das pontes da cidade se espelham Danúbio e iluminam os principais monumentos, como o imponente Castelo de Buda em uma das margens, e na outra margem a fachada neogótica do Parlamento Húngaro. É poder se envolver com a psicanálise transmitida nessa região, e não esquecer que podemos sempre aprender com a história de cada país, com suas vivências e diferenças.
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Psicóloga (CRP 08/24208) e mestra pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da UEM na linha de Subjetividade e práticas sociais na contemporaneidade