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Ana Suy Sesarino Kuss, mais conhecida como Ana Suy nas redes sociais, tem cativado leitores de todas as áreas e crescido a cada dia através de sua escrita profunda e provocativa. Seu nome – Ana Suy – carrega força, graça e delicadeza, assim como sua escrita. Ao mesmo tempo, causa desejo e questionamentos riquíssimos. Muito querida e solicita, Ana topou na hora participar da entrevista. Boa leitura!
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Ana, quando me foi sugerido fazer essa entrevista com você, senti um misto de euforia com ansiedade, por querer perguntas que realmente te levem a dialogar questões de muitos leitores – e fãs – seus. Refletindo a partir disso, entendo que a psicanálise se trata de histórias. Eu imagino que por trás dos seus livros existam algumas belas histórias. Sem limitar a pergunta, conte um pouco sobre alguma – ou algumas – que te levaram a escrever seus livros.
Meus escritos não têm grandes acontecimentos. Não têm muita história. Tem mais descrições de pensamentos e de sentimentos. Uma coisa ou outra que acontece na realidade, mas minha escrita é do mundo interior. Eu diria que é uma escrita infantil. Quando leio bons romances, quando encontro enredos ricos, fico inibida, penso coisas do tipo “como é que eu tenho coragem de escrever essas bobagens?”. Mas no fim das contas continuo escrevendo essas bobagens mesmo, porque não espero grande coisa da minha escrita. Só espero poder continuar escrevendo, encontrar alguém que se interesse por ler minhas bobagens vez ou outra, então é isso, a coisa tem funcionado.
Digo que minha escrita é infantil porque é da minha posição enquanto criança, que estranha o mundo, que se arrisca a falar bobagens, sem se importar demais com julgamentos. É desse lugar que eu escrevo.
Tudo o que eu escrevo é a partir do meu mundo infantil. Do meu constante estado de maravilhamento e estranheza do mundo. Da minha capacidade de fantasiar, desejar, arriscar.
Das histórias que eu entendia daquilo que me contavam ou eu ouvia. Lendo Freud, mais especificamente “escritores criativos e devaneios”, fica claro para mim, não é possível que alguém escreva um texto que não seja meramente informativo, se não for a partir do lugar infantil. Escrever é o substituto do brincar da infância. Por isso, para mim, escrever é uma questão de dignidade.
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Você poderia discorrer um pouco sobre o desejo que se alimenta da falta, e sobre a falta da “verdadeira” falta, em meio a tantas promessas de satisfação e completude que a sociedade contemporânea nos oferece?
Só se pode escrever a partir de uma falta, assim como só se pode brincar a partir de uma falta.
No texto ‘Além do princípio de prazer’, Freud fala do seu neto, que para elaborar a alternância entre presença e ausência da mãe, passa a brincar com um carretel, jogando-o para longe e para perto. Freud se questiona a partir daí, se quando a mãe se afasta a sensação é desprazerosa, então, por que a criança a repete, afastando o carretel? É aí que Freud vai fundar o conceito de pulsão de morte, porque a gente encontra satisfação mesmo no que é lido conscientemente como desprazer.
Satisfação e prazer não são a mesma coisa.
Escrever, por vezes, me causa desprazer, mas nem por isso deixa de ser satisfatório.
Quem está demasiadamente satisfeito com a vida, não pode escrever. Mas viver infeliz para escrever, também não vale a pena. A vida é maior do que a escrita.
Em análise aprendi que há um impossível de satisfação na vida que pode ser escrito, só uma parte, não tudo. Por isso não preciso ter medo de escrever. Escrever é um jeito de enfrentar a realidade, não de resolvê-la
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O que te fez desejar ser uma psicanalista? Alguma palavra para quem está iniciando a caminhada com a psicanálise?
Eu nunca desejei ser analista. A psicanálise apareceu na minha vida, primeiro como uma possível saída para meu sofrimento neurótico, e depois, com o encontro com a teoria, apareceu como causa de desejo.
Fazer análise é algo que só faz sentido se houver um sofrimento. E não me parece possível que alguém possa exercer o ofício de analista sem reconhecer esse lugar em si.
O desejo de ser analista frequentemente aparece como uma idealização. É um engodo importante de ser furado e cair.
Até porque se seguimos o ensino de Lacan, descobrimos que não há um analista antes de ter havido análise. O que há são discursos, dentre eles, o discurso do analista. Esses discursos giram e só podemos saber se houve análise depois de ter havido. Antes há desejo (de analista, que é o desejo de que haja análise) e aposta.
Para quem está iniciando a caminhada com a psicanálise, digo que na melhor das hipóteses continuará assim, um analista não para de iniciar. A cada análise é um novo início.
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Algo que me instiga é: qual pergunta você gostaria que eu lhe fizesse?
As perguntas que você gostaria de fazer! É engraçado como a gente se orienta pelo desejo do Outro, né? Em última instância, aliás, só há desejo assim!
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Ana Suy Sesarino Kuss, doutoranda em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela UERJ. Mestre em Psicologia pela UFPR (2014). Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2007) e pós-graduação em Psicologia Clínica – Abordagem Psicanalítica pela Pontifícia Unversidade Católica do Paraná (2009). Psicanalista, professora da graduação do curso de Psicologia da PUC-PR e de várias pós-graduações. Autora dos livros “Amor, desejo e psicanálise” (Editora Juruá – 2015), “Não pise no meu vazio” (Editora Patuá – 2017) e “As cabanas que o amor faz em nós” (Editora Patuá – 2019).
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Entrevista realizada por Raquel C. Abeche Jacob, psicóloga; pós-graduada em Psicanálise Clínica Contemporânea (EPPM) e pós-graduanda em Psicanálise Clínica – de Freud a Laca (PUC).