Convidadas: Valéria Codato e Marta Dalla Torre
Desde sua invenção, a teoria psicanalítica tem produzido efeitos no modo de pensar sobre o homem e sua relação com o mundo. Diante das demandas do mundo contemporâneo que busca respostas rápidas e soluções mágicas para o sofrimento humano, a psicanálise resiste como uma prática que restitui ao homem sua condição subjetiva. É o que presenciamos também na França e Bélgica, onde pudemos constatar que apesar da tendência medicalizante e de oposições do campo científico, a psicanálise insiste em se manter viva na postura ética dos psicanalistas.
Nas palavras de Lacan, a psicanálise é uma prática delirante, mas é o que se tem de melhor atualmente para que se tenha paciência com essa situação incômoda de ser homem. É, em todo caso, o que Freud encontrou de melhor.
Independente de ser freudiano ou lacaniano, de pertencer ou não à história do movimento psicanalítico, um psicanalista deve seguir o norte dado por Freud: “a luta continua”, obedecendo, assim, a lógica de sua descoberta. Pois, a psicanálise se sustenta nesse constante trabalho que aponta sempre para o que é próprio da condição humana: de um não querer saber de sua verdade, verdade do desejo inconsciente, que é a expressão de sua singularidade.
É nessa posição que se sustenta a ética do psicanalista, não se rendendo à captura imaginária de soluções terapêuticas que distancia o sujeito de sua própria verdade.